28.9.05

transição

A propósito do discurso do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações no IV Fórum Telecom do Diário Económico, no qual o orador se refere ao sector das telecomunicações como «fundamental para a economia e para a sociedade», urge alertar para o entusiasmo excessivo que sempre envolve o novo depois da fase inicial de rejeição.
Importa não se precipitar e lembrar que os benefícios da tecnologia se circunscrevem à utilidade que aquela possa ter para os objectivos traçados por aqueles que a manipulam.
Por outras palavras, só com intérpretes capazes é possível retirar das inovações o valor acrescentado que estas sempre prometem. E ainda assim tal só acontece no longo prazo, nunca no plano imediato.
Num país com uma taxa de iliteracia comprometedora, será demais esperar que a população adira em massa ao VOIP ou que as PME dependentes de subsídios ou da fraude fiscal para sobreviver num mercado aberto para o qual não estão preparadas possam obter o tão ansiado impulso competitivo unicamente a partir das múltiplas possibilidades que as telecomunicações abrem a cada momento.
Embora haja capítulos em que as tecnologias trazem melhorias imediatas indiscutíveis ao bem-estar geral, pretender que transportem a sociedade e a economia directamente para a pós-modernidade ultrapassa os limites da razoabilidade.