9.2.06

artistas

Rui Zink defendeu, no âmbito da reacção aos cartoons dinamarqueses e da manifestação que ajudou a convocar para hoje, que não pode ser pedido bom senso aos artistas.

Não quero, de forma alguma, retirar a frase de contexto ou abstrair-me do esforço de entender a essência da afirmação.
Mas devo insurgir-me contra esta noção ultrapassada do artista em versão bobo da corte, irresponsável e inimputável.

A liberdade criativa não pode ser argumento para isentar um segmento da população dos seus deveres e responsabilidades enquanto se reserva todos os direitos (e por vezes mais) previstos para o cidadão comum.
É intolerável que a sociedade queira impor regras estritas a determinadas profissões mas permita impunidade social a outras, ou que controle e castigue comportamentos em certos líderes de opinião mas ilibe outros da chamada à razão.

A discussão em torno da liberdade de expressão não é óbvia, como muitos querem impor. Acresce especial responsabilidade a todos os que, por um motivo ou outro, ganharam visibilidade e influência, pois estas atribuem-lhes o poder de manipular, consciente ou inconscientemente, as opiniões.

Em todas as eleições artistas manifestam em público o seu apoio a determinado candidato, em todos os movimentos ou manifestações aparecem a defender um ponto de vista. O que isto significa é que tomam posições sociais, bem para além do seu raio de acção profissional.
Para além disto, bem dentro do exercício da sua profissão assumem com frequência inclinações ou preferências.
E fazem-no seguramente em consciência.

Mais que nunca, os artistas têm consciência do seu espaço e da importância da preservação da sua imagem. Têm portanto bom senso e não podem prescindir dele apenas quando convém.

[Nuno]

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

e não me consigo libertar de uma incómoda sensação...
a de que estas histórias e casos, são como manobras de diversão... sinais... de algo mais profundo e mais perigoso...

9.2.06  

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