30.9.05

mercado internacional

de políticos.
Com passes, períodos limitados de inscrição, transferências, empréstimos, dispensas, agentes, vídeos de promoção, cotações, vagas limitadas para estrangeiros e casamentos arranjados para aquisição de nacionalidade.
Em cada campanha, os partidos poderiam reforçar-se até 15 dias antes do dia das eleições e estariam proibidos quaisquer contactos para fins negociais fora dos períodos previamente estabelecidos, sob pena de sanções disciplinares que poderiam incluir a proibição de representar quaisquer cores políticas no país por um ano.
Os debates tornar-se-iam bem mais frequentes, podendo mesmo ser organizados em forma de campeonato. Estes encontros dar-se-iam nas instalações dos partidos perante uma assistência e aqueles que gerassem maior interesse seriam objecto de transmissão televisiva.
Talvez assim houvesse confronto de ideias, apresentação de projectos e discussão de programas.

nanotech

soluções alternativas

Lembrei-me de uma solução para o trânsito nas vias de entrada e saída das grandes cidades. Assumindo de antemão que dificilmente as pessoas serão convencidas a abandonar as viaturas próprias, porque não transportá-las dentro das viaturas?
Para tal construir-se-ia uma estrutura composta de passadeiras de grandes dimensões e com grande capacidade de carga, nas quais os veículos seriam inseridos e descarregados pelos próprios condutores, através de um sistema semelhante ao usado nas estações de lavagem automática.
Estas estruturas poderiam ter vários andares, para segmentar os passageiros por origem e destino, e as estações de embarque funcionariam como parques de estacionamento em altura, com rampas de acesso aos andares superiores ou entradas específicas para cada linha a partir do piso térreo.
Os mecanismos de entrada, circulação e saída seriam independentes, por forma a garantir a segurança nas manobras de entrada e saída sem comprometer a fluidez do trânsito.
As passadeiras manteriam uma velocidade moderada, teriam protecções de vários tipos para evitar acidentes e permitiriam que os passageiros viessem confortavelmente até determinados pontos seleccionados da cidade, a partir dos quais retomariam a marcha autónoma em direcção aos destinos finais.
Não sei qual a viabilidade desta solução em termos arquitectónicos, mecânicos ou financeiros mas, tendo em conta o esforço permanente de adequação das vias ao crescimento constante do tráfego e a tortura a que são sujeitos todos aqueles que enfrentam essas vias diariamente, talvez se justificasse considerar soluções realmente alternativas.

29.9.05

Nem sempre sou igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...

(Alberto Caeiro)

os comentadores

existem para interpretar os acontecimentos da sua área de especialização e relatá-los de forma inteligível e consciente a todos os que, apesar de interessados, não a dominam.
Não compreendo quem, sem qualificação, conhecimento ou sequer esforço para conhecer os aspectos menos evidentes de uma qualquer situação, a comenta despudoradamente em espaço público, consciente do alcance potencial da opinião e do efeito que pode ter sobre a vida de terceiros.

28.9.05

competitividade

No novo ranking do Growth Competitiveness Index (GCI) de 2005 incluído no The Global Competitiveness Report do Fórum Económico Mundial, começo por realçar o movimento positivo de Portugal, que passou da 24ª para a 22ª posição. De acordo com os critérios do FEM, somos mais competitivos do que a Irlanda, a França, o Luxemburgo, a Itália, Hong Kong e a Espanha, que ultrapassámos este ano.
A Grécia, com a qual somos tantas vezes comparados, ocupa o 46º posto e a Itália o 47º: são, excepção feita à Polónia, os piores da UE. Na secção específica da competitividade da secção pública, estamos em 15º lugar.
Numa lista liderada pela Finlândia e cujos lugares cimeiros são predominantemente ocupados pelos países nórdicos, assinalo ainda a queda do Brasil que, provavelmente por causa dos escândalos recentes a envolver a sua administração, sofreu este ano um revés na sua ambição de reconhecimento internacional do estatuto de potência económica.
Conforme indicam as notas ao GCI, as classificações resultam de um complemento de dados económicos objectivos e de informação subjectiva obtida através de um questionário (o Executive Opinion Survey) preenchido por líderes empresariais de todo o mundo.

Como todas as classificações, esta é questionável. De qualquer forma, este estudo tem uma divulgação extensa em todo o mundo e transmite uma imagem fortemente positiva de Portugal.
Se os outros nos vêem desta maneira, o que falta para o fazermos também?

transição

A propósito do discurso do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações no IV Fórum Telecom do Diário Económico, no qual o orador se refere ao sector das telecomunicações como «fundamental para a economia e para a sociedade», urge alertar para o entusiasmo excessivo que sempre envolve o novo depois da fase inicial de rejeição.
Importa não se precipitar e lembrar que os benefícios da tecnologia se circunscrevem à utilidade que aquela possa ter para os objectivos traçados por aqueles que a manipulam.
Por outras palavras, só com intérpretes capazes é possível retirar das inovações o valor acrescentado que estas sempre prometem. E ainda assim tal só acontece no longo prazo, nunca no plano imediato.
Num país com uma taxa de iliteracia comprometedora, será demais esperar que a população adira em massa ao VOIP ou que as PME dependentes de subsídios ou da fraude fiscal para sobreviver num mercado aberto para o qual não estão preparadas possam obter o tão ansiado impulso competitivo unicamente a partir das múltiplas possibilidades que as telecomunicações abrem a cada momento.
Embora haja capítulos em que as tecnologias trazem melhorias imediatas indiscutíveis ao bem-estar geral, pretender que transportem a sociedade e a economia directamente para a pós-modernidade ultrapassa os limites da razoabilidade.

direita-esquerda

O uso excessivo das palavras «centro», «direita» e «esquerda» gastou-as. Esgotaram-se, foi-lhes drenada a última gota de energia, como acontece com a bateria de um carro cujos faróis são esquecidos ligados durante a noite.
Não conheço mecânicos de conceitos; uma vez danificados só o tempo os repara, apenas o afastamento permite a recuperação.

27.9.05

tendências

Toyota joins Honda and Sony in Japan's humanoid robotics technology race with a pair of trumpet-playing robots. More importantly, the company announced the creation of a new division with the aim of commercializing humanoid robots by 2010.

O que há pouco tempo era um cenário é agora uma tendência.
Ocorre-me a propósito a espantosa máquina com emoções humanas de Stanley Kubrick que surge em Artificial Intelligence, filme realizado por Spielberg, e todas as questões que levanta no âmbito dos direitos naturais e da natureza humana.

o trabalho

Entre tantos estudos que são feitos a propósito dos temas mais triviais, confesso alguma dificuldade em entender porque tão poucos são dedicados à problemática do trabalho e dos seus efeitos sobre o comportamento das pessoas.
Consigo imaginar poucos temas mais abrangentes e com maior influência na vida mundana e no entanto a pesquisa sobre a convivência dos seres humanos com a sua faceta profissional é árdua e devolve resultados pouco satisfatórios.
Da mesma forma, não compreendo a fraca polémica que suscita no espaço público, pois não acredito que todos tenhamos encontrado a fórmula ideal para lidar com os problemas profissionais.
Mais difícil de aceitar fica quando deambulo pelos ambientes de convívio de profissionais e denoto uma preocupação de raízes profundas nas conversas, nas vozes e nas expressões, ou quando me espanto pelo peso desproporcional que o assunto assume em conversas entre amigos ou entre perfeitos desconhecidos.
O paradoxo ganha complexidade pelo fosso existente entre a quantidade e qualidade de literatura, formação e espaço de debate para auxiliar na gestão dos recursos humanos e a insuficiência gritante de referências em áreas como a gestão de carreiras, a automotivação ou a selecção de formação profissionalizante.
Num momento em que se debate de forma tão veemente as opções de orientação profissional e a desadequação das mesmas face às necessidades económicas do país, seria talvez útil reflectir também sobre a utilidade do reforço dos mecanismos de auxílio à escolha.
Não se trataria de uma revolução, tendo em conta que há entidades e profissionais a que podemos recorrer no principal momento de decisão, mas de um alargamento do conceito a outras fases da vida, para que não tenhamos que ficar presos a uma opção que fizemos com 14 ou 15 anos e possamos contar com ajuda no afastamento de um caminho que o tempo provou mal escolhido.

26.9.05

cenários


Portugal no centro do mundo

tendências

impunidades

tendências

With inflation edging up almost everywhere, is there a risk of a repeat of the 1970s? A burst of double-digit inflation seems unlikely. Prices took off in the 1970s largely because of serious policy errors. Policymakers now understand that rising inflation harms growth, and independent central banks are more likely to stamp on inflation swiftly.
The real worry with rising inflation expectations is less that they herald a surge in inflation than that they will limit the ability of the Fed or other central banks to cut interest rates if growth stumbles. It is commonly argued in America that if the housing bubble were to burst, and falling house prices threatened to choke consumer spending, the Fed would slash interest rates to prop up the economy, as it did after the stockmarket bubble popped in 2001-02. But then inflation was falling. Today, with inflation rising, the Fed would no longer have that option. If the economy hits trouble, investors and homebuyers should not expect to be bailed out again.

25.9.05

o dia sem notícias

devia existir, ainda que tivesse o mesmo sucesso que o dia sem carros. De vez em quando experimento, só para sanear. No dia seguinte, as notícias têm logo outro sabor.

quando me levo a sério


encaro a minha insignificância

23.9.05

milagres

Esta é uma semana de regressos. Por isso escolhi voltar. Em véspera de fim-de-semana, por pura coincidência.
Que pena não ter nome de milagreiro, aí o absurdo da analogia seria completo.