29.1.08

e eles a darem-lhe

com a história da felicidade, do bem-estar, do contentamento descontente.

Aqui está mais um produto da fixação com a autocompreensão emocional, desta vez a propósito da nossa velha conhecida crise de meia-idade, que afinal se compreende ao ler o artigo não passar de uma relação espúria nas estatísticas sociológicas.

Como concluem os próprios, não há explicação convincente para a incapacidade humana de atingir o nirvana permanente, em cada região as razões são diversas, a idiossincracia reina nestas questões e proíbe a extrapolação.

Do fundo da minha convicta ignorância técnica a esta nível, eu arrisco que tal coisa não existe. A felicidade não é uma característica, é um estado de alma (alimentado por hormonas e químicos internos ou externos) que vem e passa.

A vida é feita de momentos, de vitórias e derrotas que aleatoriamente alimentam ou consomem o ego, de fases compreensíveis ou inexplicáveis, de conclusões sustentadas ou precipitadas, de amores e ódios, por aí em diante.

Não somos isto ou aquilo, estamo-lo. Reagimos a estímulos com base em carácter e experiência, o que vemos hoje servirá para nos definir amanhã. Ignorar uma sensação não nos condena à repressão eterna do ser interior, pode simplesmente fazer-nos pensar noutra coisa e olhar para nós e para os outros com uma atitude mais positiva.

À medida que o tempo passa por mim e experimento respostas conscientemente diferentes aos estímulos, concluo que condiciono muito do que sou, que aquilo que faço define na totalidade a forma como me vêem, que posso no fundo recriar-me por inteiro pois não tenho uma personalidade finita.

Nuno

25.1.08

viajar no tempo

Deixo mais um artigo da Scientific American, desta feita sobre as viagens no tempo. O pequeno excerto abaixo ilustra o tema e o esforço de fé exigido.

Suppose the difference were 10 years. An astronaut passing through the wormhole in one direction would jump 10 years into the future, whereas an astronaut passing in the other direction would jump 10 years into the past. By returning to his starting point at high speed across ordinary space, the second astronaut might get back home before he left. In other words, a closed loop in space could become a loop in time as well. The one restriction is that the astronaut could not return to a time before the wormhole was first built.

Nuno

o poder do som

Experiências científicas demonstram o poder do som na extinção do fogo. A ler neste artigo da Scientific American.

Nuno

Physiognomy and success

Face Value, mais um estudo com uma perspectiva inovadora trazido pela Economist.
Neste caso, o relato da relação entre os traços fisionómicos e os traços de personalidade e carácter.

Nuno

24.1.08

why learn and grow on the job?

Retirado do Wall Street Journal, um artigo da mais fina ironia sobre o sacudir de responsabilidades em ambiente empresarial.

Nuno

18.1.08

esclarecido

Preste-se nesta nota de esclarecimento de Santana Lopes especial atenção ao delicioso momento de humor «Pode dar origem a interpretações de intenção que nunca tenho, seja com quem for, quanto mais com pessoas que respeito e considero.»

Nuno

o mundo

também pode ser visto desta perspectiva.
Nuno

aeroporto

Ao que consta, os terrenos de Alcochete onde, de acordo com a mais recente demonstração da irredutível capacidade de decisão do nosso grande líder, o novo aeroporto deverá assentar pertencem às famílias Espírito Santo, Amorim e Azevedo (entenda-se ao sôrengenheiro Belmiro).

Não consigo compreender a celeuma. Quando era na Ota os terrenos pertenciam a este e aquele, agora os nomes são outros. O projecto precisa de centenas de ha., era natural que calhasse a alguma ou várias das 5 famílias que governam Portugal.

O lobbying é uma actividade aceite em qualquer país do mundo; em muitos países de referência há consultores especializados que perseguem responsáveis políticos para obter decisões favoráveis; em Bruxelas os edifícios próximos da sede da União Europeia estão cheios de departamentos de lobbying das empresas internacionais; e qualquer grupo que se preze procura movimentar influências junto das fontes de poder, seja por contactos informais ou através de convites a pessoas influentes para participar nos orgãos sociais.

Ainda que os Espírito Santo, os Amorim, a Sonae ou quaisquer outros consigam por lobbying levar o aeroporto da Ota para Alcochete ou para outro ponto qualquer do país, se tal decisão não prejudica o bem público (tanto na escolha do local como no investimento planeado e efectivo) e se os decisores não beneficiaram pessoalmente da escolha não vejo razões para objectar.

Estes últimos são os temas que importa debater com insistência. Nomeadamente para perceber porque passámos a debater a localização do aeroporto e deixámos de discutir se precisamos de um aeroporto à partida.

Nuno

bloco central

Ao depositar a CGD nas mãos de Faria de Oliveira, um militante notório do PSD, o PS destruíu de uma assentada quaisquer possibilidades que Menezes pudesse ter de incomodar o partido do Governo.

Menezes, na sofreguidão populista de mostrar serviço a todo o custo, colaborou quando proclamou vitória do PSD no caso em vez de repudiar as insinuações de envolvimento partidário na questão e afastar-se politicamente de Faria de Oliveira.

Agora está claro para todos que o bloco central está activo, que o PSD continua na partilha dos tachos, que em nada é diferente do PS e que não faz qualquer sentido pensar em substituição aquando das eleições. Por outras palavras, o PSD foi absorvido pela grande rede do PS.

Nuno

para recordar 2

É mesmo um senhor.

Morais, GEPI e construtora da Covilhã fizeram moradia de Armando Vara
[...] Armando Vara, quando era secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, recorreu ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI) e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que construiu perto de Montemor-o--Novo. [...]

Nuno

só para recordar

É bonito. Quem diria que este homem seria um dia vice-presidente do maior grupo financeiro público-privado português?

De funcionário de balcão a administrador

Começou como simples funcionário de balcão na dependência da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Mogadouro. Ascende agora a um dos lugares de administrador da CGD, superada enfim a "travessia do deserto" cumprida após a sua atribulada demissão do Governo de António Guterres.

Transmontano de gema, Armando António Martins Vara nasceu há 51 anos no lugar de Lagarelhos, freguesia de Vilar de Ossos, no concelho de Vinhais. Quando eclodiu a Revolução dos Cravos mergulhou a fundo na política, filiando-se no Partido Socialista. Mário Soares era o seu ídolo. Volvida uma década, com 30 anos, já representava o PS na Assembleia da República, como deputado do círculo de Bragança, chegando a vice-presidente do grupo parlamentar. Por concluir ficou o curso de Filosofia na Universidade Nova de Lisboa.

A experiência parlamentar, que se prolongou por várias legislaturas, permitiu-lhe alargar a rede de conhecimentos e sedimentar relações nos círculos políticos, fora do âmbito do PS, e também nos meios jornalísticos. "Ele é amigo do seu amigo, bastante generoso, e tem uma forte personalidade. Por vezes revela-se bastante obstinado." É assim que o descreve ao DN um dos jornalistas que o conheceu bem nos corredores de São Bento.

O jornalismo, de resto, foi uma actividade que sempre fascinou Armando Vara. Ainda muito jovem, o futuro ministro manteve um programa radiofónico na RDP-Nordeste. Em 1985, integrou a equipa de fundadores do jornal A Voz do Nordeste - mais um sinal evidente de ligação à região natal. Do seu currículo político a nível regional constam ainda as funções de secretário coordenador da Federação Distrital de Bragança do PS e deputado municipal na sede do distrito.

Entre os socialistas, a nível nacional, começou por ser apoiante de Jaime Gama. Mas, através do seu amigo José Sócrates, aproximou-se de António Guterres. Este escolheu-o para membro do "governo- -sombra" do PS nas áreas das Obras Públicas e Transportes. Foi uma espécie de ensaio geral, ainda na oposição, para as funções governamentais que Vara exerceria após a vitória "rosa" nas legislativas de 1995. Quatro anos antes fora candidato a presidente da Câmara Municipal da Amadora, tendo recebido cerca de três mil votos menos do que o representante da CDU, então a força dominante no concelho. Foi vereador durante algum tempo.

A mudança de ciclo político, protagonizada por Guterres, levou-o primeiro a secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), depois a secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-99). Com a segunda vitória eleitoral consecutiva do PS nas legislativas, em 1999, tornou-se ministro adjunto do primeiro-ministro (1999-2000), com os pelouros da juventude, toxicodependência e comunicação social. "Finalmente ministro", titularam à época alguns jornais.

Já em 2000, passou a ministro da Juventude e Desporto. Mas antes do fim do ano viu-se forçado a pedir a demissão ao surgirem notícias sobre alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara no ano anterior, quando era secretário de Estado. As irregularidades nunca foram provadas já em 2005, a Procuradoria-Geral da República arquivou o processo, reconhecendo que Vara não violou a lei. Mas o ex--ministro continua sem perdoar ao Presidente da República: na altura, Jorge Sampaio terá recomendado a Guterres que o tirasse do Governo.

Agora é o regresso pela porta grande à instituição que acolheu os primeiros passos profissionais deste benfiquista que se mantém sócio do Grupo Desportivo de Bragança. Vara é assim por mais que suba, não esquece as raízes.

Nuno

it's all about the money

Inter também quer Ronaldinho

Onde joga (na verdade, onde não joga) Ronaldinho não podia ser mais irrelevante. O que me interessa é isto: «O jornal italiano diz ainda que a Nike, empresa de equipamentos desportivos que patrocina o Inter, o Barcelona e o próprio jogador, pode ser decisiva na contratação, uma vez que Ronaldinho também é desejado em Inglaterra pelo Chelsea (Adidas).»

A imagem é o que conta. Vende ou não vende, eis a questão. O valor intrínseco é uma noção do passado. Homens como Ronaldinho, Cristiano Ronaldo, Beckham e Mourinho usam e abusam do conceito, ainda que nalguns casos exista valor de sustentação.

Por razões possivelmente insondáveis, Ronaldinho atingiu um patamar tal de notoriedade que consegue manter a popularidade mesmo quando deixa de a justificar. A Nike, como patrocinadora, tem todo o interesse em proteger o seu investimento e essa protecção dá ao jogador a garantia de estar sempre bem colocado, tanto na escolha da equipa em que joga como nas opções dos gestores da mesma.

As coisas são o que são, ainda que por vez custe aceitá-las. Tradicionalista que sou, quero acreditar na substância como determinante de valor. O realismo obriga-me contudo a jogar com as cartas que tenho na mão e segundo as regras da mesa.

Nuno

17.1.08

nem sei o que chamar a isto

Governo aprova resolução sobre Tratado da UE e promete amplo debate

Deixo em baixo alguns excertos para ilustrar a comicidade do anúncio.

«Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o titular da pasta da Presidência, Pedro Silva Pereira, afirmou esperar que o processo de ratificação do tratado “seja tão célere quanto possível e ajustado àquilo que foi a responsabilidade do país na conclusão deste tratado”.»

«“O Ministério da Educação tem um programa de distribuição de elementos de explicação sobre o Tratado de Lisboa nas escolas e o centro Jacques Delors delineou um programa com um investimento superior a 200 mil euros para a promoção de mais de uma centena de debates, conferências e publicações alusivas ao tratado”, disse.
Pedro Silva Pereira salientou ainda que “o Governo está muito disponível para participar em todas as acções que o Parlamento entenda convocar para a discussão e esclarecimento sobre o Tratado de Lisboa”.»

Afinal lembrei-me de algo apropriado: descaramento.

Nuno

16.1.08

E o prémio vai para

Liedson e Pedro Santana Lopes ex aequo, na categoria de Melhor Protesto «É falta!».

Nuno

rumores 2

Garantiram-me que, em consequência do apreço pelo seu desempenho enquanto presidente da União Europeia, José Sócrates poderá a qualquer momento ser eleito líder da Comissão de Planeamento das Actividades para o Triénio 2024-2027 do Departamento de Recepções e Eventos da Comissão Europeia.

Nuno

rumores

Soube de fonte segura que a banca internacional começa a sussurrar com insistência o nome de Armando Vara.

Até quando conseguirá Portugal segurar a sua grande estrela do mundo financeiro?

Nuno

experiências de emigrante

Mais uma que relato no movimento de um, desta vez no rescaldo de uma visita que fiz a Lisboa em trabalho na companhia de um colega.

Nuno

13.1.08

cidade do futuro

Não sei lidar com o trânsito, fico transtornado com as filas e qualquer concentração de pessoas deixa-me imediatamente irritado.

Estas características não constituem vantagens na abordagem aos transportes públicos, por definição atolados de pessoas. Na ânsia de evitar o contactos forçado com pessoas que não conheço, o melhor que costumo conseguir é um lugar de pé com um metro de proxemia. Não me queixo quando assim é, felizmente tenho idade e resistência para me aguentar sem dificuldades.

O pior que me pode acontecer é descobrir um lugar tranquilo, afastado da multidão, e ver esse lugar ser descoberto e a minha ilha invadida por pessoas sem sentido de intimidade. A minha vontade é levantar-me, algo que faço com alguma frequência.

Conto isto tudo para explicar como me lembrei de uma solução para os transportes urbanos que poderia facilitar o trânsito na cidade: passadeiras cobertas com cadeiras individuais, duplas e quádruplas e separadores opacos entre assentos.

Estas passadeiras correriam a cidade em permanência em circuitos equivalentes aos dos autocarros. Haveria pontos de entrada/saída de 100 em 100 metros ao longo de toda a cadeia. A passadeira teria um circuito principal e vias de desaceleração e aceleração, à semelhança de uma autoestrada, nos pontos de entrada/saída. Os utilizadores introduziriam o destino e as preferências de assento e pagariam da forma que mais lhe aprouvesse.

Isto permitiria um meio de transporte seguro a circular em permanência, sem condutores, flexível, fiável, pontual e de controlo fácil para as forças de segurança.
O problema seria o investimento inicial, forçosamente elevado. Não tenho conhecimentos técnicos para avaliar o volume de investimento financeiro necessário mas estou convencido que valeria a pena fazer pelo menos o estudo.

Nuno

inocência

Para quando um primeiro-ministro que aprecie o povo que é suposto governar?

Nuno

experiências de emigrante

Relato no movimento de um um desabafo espanhol sobre Portugal e o comportamento dos taxistas.

Nuno

9.1.08

e eis que

me apeteceu voltar a escrever. À experiência, para ver o que acontece.

Nuno