1.2.08

olhos azuis

Todos os olhos azuis têm o mesmo antepassado comum, diz estudo genético

É no mínimo difícil de aceitar os resultados preliminares deste estudo. Como acreditar que a esmagadora maioria das pessoas que povoam o norte da Europa são inteiramente descendentes de um só indivíduo?
De qualquer forma uma pedrada no charco, sempre necessária.

Nuno

29.1.08

e eles a darem-lhe

com a história da felicidade, do bem-estar, do contentamento descontente.

Aqui está mais um produto da fixação com a autocompreensão emocional, desta vez a propósito da nossa velha conhecida crise de meia-idade, que afinal se compreende ao ler o artigo não passar de uma relação espúria nas estatísticas sociológicas.

Como concluem os próprios, não há explicação convincente para a incapacidade humana de atingir o nirvana permanente, em cada região as razões são diversas, a idiossincracia reina nestas questões e proíbe a extrapolação.

Do fundo da minha convicta ignorância técnica a esta nível, eu arrisco que tal coisa não existe. A felicidade não é uma característica, é um estado de alma (alimentado por hormonas e químicos internos ou externos) que vem e passa.

A vida é feita de momentos, de vitórias e derrotas que aleatoriamente alimentam ou consomem o ego, de fases compreensíveis ou inexplicáveis, de conclusões sustentadas ou precipitadas, de amores e ódios, por aí em diante.

Não somos isto ou aquilo, estamo-lo. Reagimos a estímulos com base em carácter e experiência, o que vemos hoje servirá para nos definir amanhã. Ignorar uma sensação não nos condena à repressão eterna do ser interior, pode simplesmente fazer-nos pensar noutra coisa e olhar para nós e para os outros com uma atitude mais positiva.

À medida que o tempo passa por mim e experimento respostas conscientemente diferentes aos estímulos, concluo que condiciono muito do que sou, que aquilo que faço define na totalidade a forma como me vêem, que posso no fundo recriar-me por inteiro pois não tenho uma personalidade finita.

Nuno

25.1.08

viajar no tempo

Deixo mais um artigo da Scientific American, desta feita sobre as viagens no tempo. O pequeno excerto abaixo ilustra o tema e o esforço de fé exigido.

Suppose the difference were 10 years. An astronaut passing through the wormhole in one direction would jump 10 years into the future, whereas an astronaut passing in the other direction would jump 10 years into the past. By returning to his starting point at high speed across ordinary space, the second astronaut might get back home before he left. In other words, a closed loop in space could become a loop in time as well. The one restriction is that the astronaut could not return to a time before the wormhole was first built.

Nuno

o poder do som

Experiências científicas demonstram o poder do som na extinção do fogo. A ler neste artigo da Scientific American.

Nuno

Physiognomy and success

Face Value, mais um estudo com uma perspectiva inovadora trazido pela Economist.
Neste caso, o relato da relação entre os traços fisionómicos e os traços de personalidade e carácter.

Nuno

24.1.08

why learn and grow on the job?

Retirado do Wall Street Journal, um artigo da mais fina ironia sobre o sacudir de responsabilidades em ambiente empresarial.

Nuno

18.1.08

esclarecido

Preste-se nesta nota de esclarecimento de Santana Lopes especial atenção ao delicioso momento de humor «Pode dar origem a interpretações de intenção que nunca tenho, seja com quem for, quanto mais com pessoas que respeito e considero.»

Nuno

o mundo

também pode ser visto desta perspectiva.
Nuno

aeroporto

Ao que consta, os terrenos de Alcochete onde, de acordo com a mais recente demonstração da irredutível capacidade de decisão do nosso grande líder, o novo aeroporto deverá assentar pertencem às famílias Espírito Santo, Amorim e Azevedo (entenda-se ao sôrengenheiro Belmiro).

Não consigo compreender a celeuma. Quando era na Ota os terrenos pertenciam a este e aquele, agora os nomes são outros. O projecto precisa de centenas de ha., era natural que calhasse a alguma ou várias das 5 famílias que governam Portugal.

O lobbying é uma actividade aceite em qualquer país do mundo; em muitos países de referência há consultores especializados que perseguem responsáveis políticos para obter decisões favoráveis; em Bruxelas os edifícios próximos da sede da União Europeia estão cheios de departamentos de lobbying das empresas internacionais; e qualquer grupo que se preze procura movimentar influências junto das fontes de poder, seja por contactos informais ou através de convites a pessoas influentes para participar nos orgãos sociais.

Ainda que os Espírito Santo, os Amorim, a Sonae ou quaisquer outros consigam por lobbying levar o aeroporto da Ota para Alcochete ou para outro ponto qualquer do país, se tal decisão não prejudica o bem público (tanto na escolha do local como no investimento planeado e efectivo) e se os decisores não beneficiaram pessoalmente da escolha não vejo razões para objectar.

Estes últimos são os temas que importa debater com insistência. Nomeadamente para perceber porque passámos a debater a localização do aeroporto e deixámos de discutir se precisamos de um aeroporto à partida.

Nuno

bloco central

Ao depositar a CGD nas mãos de Faria de Oliveira, um militante notório do PSD, o PS destruíu de uma assentada quaisquer possibilidades que Menezes pudesse ter de incomodar o partido do Governo.

Menezes, na sofreguidão populista de mostrar serviço a todo o custo, colaborou quando proclamou vitória do PSD no caso em vez de repudiar as insinuações de envolvimento partidário na questão e afastar-se politicamente de Faria de Oliveira.

Agora está claro para todos que o bloco central está activo, que o PSD continua na partilha dos tachos, que em nada é diferente do PS e que não faz qualquer sentido pensar em substituição aquando das eleições. Por outras palavras, o PSD foi absorvido pela grande rede do PS.

Nuno

para recordar 2

É mesmo um senhor.

Morais, GEPI e construtora da Covilhã fizeram moradia de Armando Vara
[...] Armando Vara, quando era secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna, recorreu ao director-geral do GEPI (Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do MAI) e a engenheiros que dele dependiam para projectar a moradia que construiu perto de Montemor-o--Novo. [...]

Nuno

só para recordar

É bonito. Quem diria que este homem seria um dia vice-presidente do maior grupo financeiro público-privado português?

De funcionário de balcão a administrador

Começou como simples funcionário de balcão na dependência da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Mogadouro. Ascende agora a um dos lugares de administrador da CGD, superada enfim a "travessia do deserto" cumprida após a sua atribulada demissão do Governo de António Guterres.

Transmontano de gema, Armando António Martins Vara nasceu há 51 anos no lugar de Lagarelhos, freguesia de Vilar de Ossos, no concelho de Vinhais. Quando eclodiu a Revolução dos Cravos mergulhou a fundo na política, filiando-se no Partido Socialista. Mário Soares era o seu ídolo. Volvida uma década, com 30 anos, já representava o PS na Assembleia da República, como deputado do círculo de Bragança, chegando a vice-presidente do grupo parlamentar. Por concluir ficou o curso de Filosofia na Universidade Nova de Lisboa.

A experiência parlamentar, que se prolongou por várias legislaturas, permitiu-lhe alargar a rede de conhecimentos e sedimentar relações nos círculos políticos, fora do âmbito do PS, e também nos meios jornalísticos. "Ele é amigo do seu amigo, bastante generoso, e tem uma forte personalidade. Por vezes revela-se bastante obstinado." É assim que o descreve ao DN um dos jornalistas que o conheceu bem nos corredores de São Bento.

O jornalismo, de resto, foi uma actividade que sempre fascinou Armando Vara. Ainda muito jovem, o futuro ministro manteve um programa radiofónico na RDP-Nordeste. Em 1985, integrou a equipa de fundadores do jornal A Voz do Nordeste - mais um sinal evidente de ligação à região natal. Do seu currículo político a nível regional constam ainda as funções de secretário coordenador da Federação Distrital de Bragança do PS e deputado municipal na sede do distrito.

Entre os socialistas, a nível nacional, começou por ser apoiante de Jaime Gama. Mas, através do seu amigo José Sócrates, aproximou-se de António Guterres. Este escolheu-o para membro do "governo- -sombra" do PS nas áreas das Obras Públicas e Transportes. Foi uma espécie de ensaio geral, ainda na oposição, para as funções governamentais que Vara exerceria após a vitória "rosa" nas legislativas de 1995. Quatro anos antes fora candidato a presidente da Câmara Municipal da Amadora, tendo recebido cerca de três mil votos menos do que o representante da CDU, então a força dominante no concelho. Foi vereador durante algum tempo.

A mudança de ciclo político, protagonizada por Guterres, levou-o primeiro a secretário de Estado da Administração Interna (1995-97), depois a secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna (1997-99). Com a segunda vitória eleitoral consecutiva do PS nas legislativas, em 1999, tornou-se ministro adjunto do primeiro-ministro (1999-2000), com os pelouros da juventude, toxicodependência e comunicação social. "Finalmente ministro", titularam à época alguns jornais.

Já em 2000, passou a ministro da Juventude e Desporto. Mas antes do fim do ano viu-se forçado a pedir a demissão ao surgirem notícias sobre alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara no ano anterior, quando era secretário de Estado. As irregularidades nunca foram provadas já em 2005, a Procuradoria-Geral da República arquivou o processo, reconhecendo que Vara não violou a lei. Mas o ex--ministro continua sem perdoar ao Presidente da República: na altura, Jorge Sampaio terá recomendado a Guterres que o tirasse do Governo.

Agora é o regresso pela porta grande à instituição que acolheu os primeiros passos profissionais deste benfiquista que se mantém sócio do Grupo Desportivo de Bragança. Vara é assim por mais que suba, não esquece as raízes.

Nuno

it's all about the money

Inter também quer Ronaldinho

Onde joga (na verdade, onde não joga) Ronaldinho não podia ser mais irrelevante. O que me interessa é isto: «O jornal italiano diz ainda que a Nike, empresa de equipamentos desportivos que patrocina o Inter, o Barcelona e o próprio jogador, pode ser decisiva na contratação, uma vez que Ronaldinho também é desejado em Inglaterra pelo Chelsea (Adidas).»

A imagem é o que conta. Vende ou não vende, eis a questão. O valor intrínseco é uma noção do passado. Homens como Ronaldinho, Cristiano Ronaldo, Beckham e Mourinho usam e abusam do conceito, ainda que nalguns casos exista valor de sustentação.

Por razões possivelmente insondáveis, Ronaldinho atingiu um patamar tal de notoriedade que consegue manter a popularidade mesmo quando deixa de a justificar. A Nike, como patrocinadora, tem todo o interesse em proteger o seu investimento e essa protecção dá ao jogador a garantia de estar sempre bem colocado, tanto na escolha da equipa em que joga como nas opções dos gestores da mesma.

As coisas são o que são, ainda que por vez custe aceitá-las. Tradicionalista que sou, quero acreditar na substância como determinante de valor. O realismo obriga-me contudo a jogar com as cartas que tenho na mão e segundo as regras da mesa.

Nuno

17.1.08

nem sei o que chamar a isto

Governo aprova resolução sobre Tratado da UE e promete amplo debate

Deixo em baixo alguns excertos para ilustrar a comicidade do anúncio.

«Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, o titular da pasta da Presidência, Pedro Silva Pereira, afirmou esperar que o processo de ratificação do tratado “seja tão célere quanto possível e ajustado àquilo que foi a responsabilidade do país na conclusão deste tratado”.»

«“O Ministério da Educação tem um programa de distribuição de elementos de explicação sobre o Tratado de Lisboa nas escolas e o centro Jacques Delors delineou um programa com um investimento superior a 200 mil euros para a promoção de mais de uma centena de debates, conferências e publicações alusivas ao tratado”, disse.
Pedro Silva Pereira salientou ainda que “o Governo está muito disponível para participar em todas as acções que o Parlamento entenda convocar para a discussão e esclarecimento sobre o Tratado de Lisboa”.»

Afinal lembrei-me de algo apropriado: descaramento.

Nuno

16.1.08

E o prémio vai para

Liedson e Pedro Santana Lopes ex aequo, na categoria de Melhor Protesto «É falta!».

Nuno

rumores 2

Garantiram-me que, em consequência do apreço pelo seu desempenho enquanto presidente da União Europeia, José Sócrates poderá a qualquer momento ser eleito líder da Comissão de Planeamento das Actividades para o Triénio 2024-2027 do Departamento de Recepções e Eventos da Comissão Europeia.

Nuno

rumores

Soube de fonte segura que a banca internacional começa a sussurrar com insistência o nome de Armando Vara.

Até quando conseguirá Portugal segurar a sua grande estrela do mundo financeiro?

Nuno

experiências de emigrante

Mais uma que relato no movimento de um, desta vez no rescaldo de uma visita que fiz a Lisboa em trabalho na companhia de um colega.

Nuno

13.1.08

cidade do futuro

Não sei lidar com o trânsito, fico transtornado com as filas e qualquer concentração de pessoas deixa-me imediatamente irritado.

Estas características não constituem vantagens na abordagem aos transportes públicos, por definição atolados de pessoas. Na ânsia de evitar o contactos forçado com pessoas que não conheço, o melhor que costumo conseguir é um lugar de pé com um metro de proxemia. Não me queixo quando assim é, felizmente tenho idade e resistência para me aguentar sem dificuldades.

O pior que me pode acontecer é descobrir um lugar tranquilo, afastado da multidão, e ver esse lugar ser descoberto e a minha ilha invadida por pessoas sem sentido de intimidade. A minha vontade é levantar-me, algo que faço com alguma frequência.

Conto isto tudo para explicar como me lembrei de uma solução para os transportes urbanos que poderia facilitar o trânsito na cidade: passadeiras cobertas com cadeiras individuais, duplas e quádruplas e separadores opacos entre assentos.

Estas passadeiras correriam a cidade em permanência em circuitos equivalentes aos dos autocarros. Haveria pontos de entrada/saída de 100 em 100 metros ao longo de toda a cadeia. A passadeira teria um circuito principal e vias de desaceleração e aceleração, à semelhança de uma autoestrada, nos pontos de entrada/saída. Os utilizadores introduziriam o destino e as preferências de assento e pagariam da forma que mais lhe aprouvesse.

Isto permitiria um meio de transporte seguro a circular em permanência, sem condutores, flexível, fiável, pontual e de controlo fácil para as forças de segurança.
O problema seria o investimento inicial, forçosamente elevado. Não tenho conhecimentos técnicos para avaliar o volume de investimento financeiro necessário mas estou convencido que valeria a pena fazer pelo menos o estudo.

Nuno

inocência

Para quando um primeiro-ministro que aprecie o povo que é suposto governar?

Nuno

experiências de emigrante

Relato no movimento de um um desabafo espanhol sobre Portugal e o comportamento dos taxistas.

Nuno

9.1.08

e eis que

me apeteceu voltar a escrever. À experiência, para ver o que acontece.

Nuno

18.5.06

sadomaso

A integração emocional de Portugal na Europa, com todos os aspectos positivos que tem, não passa de um exercício de autoflagelação colectiva, tanto para eles como para nós.

Para eles, povos do centro e do norte, pelo sofrimento constante de assistir às tentativas de desconcentração decisória por parte de países demografica e economicamente insignificantes, mas sobretudo para nós, que nos fustigamos por uma forma de estar maturada ao longo de um milénio de história.

Acenam-nos com o bem-estar das populações ditas mais evoluídas e nós baixamos as cabeças, na consciência de que pouco temos a oferecer ao mercado global, e procuramos ser um pouco mais parecidos com os outros.

Nesta busca sôfrega de uma osmose vitoriosa, até fingimos não perceber que nunca a Pensínsula Ibérica foi tão una, pois no fundo desejamos que alguém, seja quem for, tome conta disto. E dedicamo-nos a perceber quando foi que eles, mesmo aqui ao lado, passaram para o lado dos competitivos e nos deixaram aqui em agonia.

Ao mesmo tempo, olhamos mais longe e vemos em pequenos países como a Finlândia, a Holanda ou o Luxemburgo miragens do que poderíamos ser se de repente nos metamorfoseássemos. Assim, num passo de magia, por força de vontade.

Talvez as causas do nosso distanciamento progressivo do resto da Europa não se resumam às políticas ineficazes, ao mau aproveitamento dos fundos disponíveis ou à corrupção que corrói qualquer traço de eficiência no sistema, mas incluam também a nossa descrença na força da nossa identidade por termos passado a acreditar que o ideal reside no oposto do que somos.

Quem sabe se tudo não passa afinal de uma questão de gestão das expectativas. Em vez de últimos em tudo na União Europeia, talvez pudéssemos ser um país com fortes capacidades no contexto mediterrânico.

O mais curioso é que, como observava uma amiga há pouco, todos os povos olham para os outros mais para Sul, ainda que próximos, como mais atrasados e desorganizados.
Se o sentimento destes povos tiver aderência à realidade, e o senso comum assim o indica, facilmente se conclui que o clima tem forte influência no comportamento dos indivíduos e na eficiência das sociedades.

Para além disso, com base nesta observação percebe-se que, façamos o que fizermos, seremos sempre vistos como atrasados pelos países mais a Norte.
O que não se compreende é que nós deixemos.

[Nuno]

Barcelona conquista Liga dos Campeões

e a crónica de um final anunciado.

Na véspera do jogo, um dos árbitros auxiliares foi substituído por ter sido fotografado a vestir uma camiseta do Barça. Mais valia terem deixado o homem ficar...

[Nuno]

28.4.06

Governo reconduz Vítor Constâncio

O Conselho de Ministros renovou, esta quinta-feira, a nomeação de Vítor Constâncio para o cargo de Governador do Banco de Portugal e aprovou as Grandes Operações do Plano para 2007, anunciou o Governo.

Que coincidência, logo a seguir à única vez em que o BP emitiu a sua única opinião desfavorável à acção governativa desde que este Governo tomou posse...

Poderá ser masoquismo de Sócrates, mas tenho outra opinião: num cargo como o de Governador do BP, ficaria muito mal visto reconduzir o actual titular sem que este tivesse afirmado a sua independência.

Ora, até ao fatídico relatório (em que o BP se limita a concordar com o óbvio e com aquilo que outras instituições de peso bem mais relevante já haviam relatado) a sensação era de total comunhão entre Governo e BP, cujo comportamento em nada vinha diferindo de outro qualquer orgão ao serviço do Estado.

Com uma análise crítica que nunca poderia deixar de fazer, sob pena de perder a sua credibilidade no BCE e assim comprometer fortemente a própria imagem de Portugal, Constâncio assegura à nação que não está ali para compromissos políticos e que continua a ser portanto o homem certo para o lugar.

O Governo agradece e mantém na posição alguém conveniente.

[Nuno]

22.4.06

parabéns a Adriaanse

Gostava de ter desportivismo para mais mas não consigo. Não com o nosso futebol. No clima que se sente em redor do campeonato nacional, não há título que se sinta merecido. Seja nosso ou dos outros.

Mas deixo os parabéns ao holandês determinado que dirige a equipa do F.C. Porto: mesmo nos momentos piores manteve a confiança em si e naquilo que acredita.

Naturalmente, de felicitar também quem teimou em mantê-lo quando poucos acreditavam que tal se justificasse.

E por aqui me fico, pois o resto não me diz respeito.

[Nuno]

21.4.06

football one-on-one

é o nome de um desporto que inventei.

Jogado num recinto do tamanho de um campo de tenis (ou similar) com uma bola de futebol de salão, só teria duas balizas e as marcas das áreas de cada jogador. Estas áreas teriam uma profundidade equivalente a 1/3 do comprimento do campo.
Um golo só seria válido se o remate fosse efectuado dentro da área privada do jogador, excepto se antes do remate o jogador desse apenas um toque na bola depois de jogada pelo adversário.
O jogador sem a posse da bola poderia exercer pressão no campo inteiro salvo na área do adversário e, dentro da sua área, poderia defender com as mãos.
Qualquer infracção sancionada daria lugar a livre directo.

[Nuno]

o cúmulo da desconfiança é

hesitar antes de se baixar para apanhar o sabonete ao tomar duche sozinho.

[Nuno]

10.4.06

questão de feitio

Em França, o Governo viu-se forçado a recuar numa reforma que havia considerado essencial para o desenvolvimento da economia. Tudo porque o povo saiu à rua em massa e ameaçou congelar o país.

Há um efeito desculpabilizante da acção governativa em todos os episódios do género: quem pode administrar convenientemente uma nação sujeita a uma democracia tão... directa?

Numa inferência possivelmente abusiva, eu diria que em Portugal acontece o oposto: como, numa tolerância genética, somos invariavelmente passivos perante políticos despudorados pelo sentimento de impunidade, governar deveria ser simples e, em cada erro, a culpa deveria ser facilmente apurada.

Mas não é assim, pois não?

[Nuno]

ingenuidade II

Nas histórias de concertação social, o Governo faz sempre uma primeira proposta a pensar no bem comum. No entanto, quase invariavelmente acaba por ceder à pressão dos sindicatos. Esta cedência é em nome do bem de quem?

[Nuno]

9.4.06

o jornalismo em Portugal


e a imagem que transmite a quem ainda lhe liga.
Isto a propósito de «Descubra as Diferenças», um novo programa na habitualmente positiva Radio Europa Lx que tive a infeliz ideia de ouvir hoje.

[Nuno]

7.4.06

Catarina, este é o mundo...

mundo, esta é a Catarina.
[Nuno]

28.3.06

sou Benfica


Somos milhões e uma só alma
esta alegria de estarmos aqui
erguendo a voz solto a bandeira
ser do Benfica todos por ti

sou soooou sou soooou Benfiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou Benfiiiiiiiiiiiiiiica

nobre é a história da grande águia
de ouro e glória, nas provas ganhas
somos a força aqui presente
anda Benfica vamos para a frente

sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica,
sou soooou sou soooou benfiiiiiiiiiiiiiiiiiica.
[Nuno]

23.3.06

ingenuidade

Se o todo é maior do que a soma das partes, porquê então dividi-lo?

[Nuno]

22.3.06

mudo de vida

De vez em quando, olho para a minha casa e incomodo-me com o estado em que se encontra. Ao nível da arrumação, da disposição dos móveis ou até da própria distribuição das divisórias.
Nesses momentos, se pudesse operava uma alteração radical. No entanto, encolho-me no pragmatismo e fico pela angustiante tentativa de arrumar os papéis que, no fluir dos dias, criteriosamente distribuímos pelos múltiplos pontos de arrumação desencantados.

Esta capacidade para adiar o problema tem duração limitada e resiste apenas enquanto não chega a grande decisão. Do nada surge a determinação e a tal mudança dramática que implorava realização.
De lar a casa passa a espaço. Pequeno, medíocre ou apenas neutro. De qualquer forma, o presente converte-se em passado e só o futuro é visível.

O mesmo se passa na vida.
De repente, as lógicas vigentes tropeçam nas questões que há muito me assaltam e deixo de conseguir evitar dar voz às respostas que conheço de cor.
Passo a recusar para o porvir algumas escolhas que serviram para a construção da minha história. Foram certas no seu tempo mas estão ultrapassadas.

Orgulho-me do algo que fiz mas selecciono com rigor aquilo que guardo.
Tremo perante a exigência da separação de um caminho que percorri por tanto tempo, mas os passos perdidos nas memórias só a essas pertencem.

Seja como for, não me escondo mais. As escolhas que faço são minhas, recuso o medo de as assumir e limito-me a observar as reacções.
Por sorte, não estou só. Levo comigo a personificação da coragem e do companheirismo.

[Nuno]

20.3.06

mapa político

A maior angústia do PSD é que, com Sócrates no poder, o país começa a ver no PS o tal centro que sempre procurou e no PSD a direita que, antes de Paulo Portas, o CDS representava.

No implosivo CDS-PP esta hipótese parece estar bem entranhada, o que porventura explica a urgência no ataque ao actual líder: o partido, à semelhança do que acontece com o Bloco de Esquerda, está espectáculo-dependente e Ribeiro e Castro não tem perfil para as grandes produções.

Aos poucos, desenham-se 3 grandes blocos, ao invés dos 2 que muitos defendem: o velho socialismo com cores modernas, representado pelo PCP e pelo BE; o realismo dominante, unipartidarizado pela acção estratégica do PS; e os conservadores do CDS-PP e do PSD que, entre 2001 e 2004, por 3 vezes corroeu a sua imagem de grande partido.

Nesse sentido, a eleição de Cavaco Silva calha na perfeição ao PS: no momento em que o partido enfrenta um período de transição, seria desastroso ter no orgão máximo do Estado alguém das suas cores a segurar o estandarte do socialismo; como quadro, fica bem melhor um presidente com clara ligação ao PSD com uma postura marcadamente conservadora.

[Nuno]

18.3.06

pensamento do dia

A solidariedade institucional, cooperação institucional, cooperação estratégica, ou o que quiserem chamar-lhe, é como o acordo tácito entre pais perante os filhos: um pode discordar em absoluto de determinada decisão do outro mas sabe que o momento em que os filhos detectarem um ponto mais débil na união é o princípio do fim da legitimidade parental.

[Nuno]

13.3.06

BCP lança OPA sobre BPI

...quando OPA um português, OPAm 2 ou 3...

[...] Quem não diz: -AVE! Quem não diz: -EIA!
Quem não diz: -OPA! Que bela sopa! [...]
eu opo
tu opas
ele opa
nós opamos
vós opeis
eles opam
[Nuno]

8.3.06

Vermelho

A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor
A cor do meu batuque tem o toque e tem o som da minha voz
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão
O velho comunista se aliançou ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom e a expressão da minha cor
Meu coração
Meu coração é vermelho, hei, hei, hei
De vermelho vive o coração, ê, ô, ê, ô
Tudo é garantido após a rosa vermelhar
Tudo é garantido após o sol vermelhecer
Vermelhou no curral a ideologia do folclore avermelhou
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou
Vermelhou no curral a ideologia do folclore avermelhou
Vermelhou a paixão, o fogo de artifício da vitória vermelhou
[Nuno]

atitude

Na visita de Sócrates e escolta à Finlândia, os representantes dos dois países trocaram galhardetes. Telemóveis recebemos, vinho do Porto entregámos.

Um dos jornalistas a comentar o evento teve a infelicidade de vaticinar que até na escolha dos presentes se notava a diferença entre Portugal e o país nórdico.

E digo infeliz porque estou certo de se tratar de um comentário irreflectido. O que diria este comentador se Sócrates entregasse produtos da Chipidea? Também se trata de um líder mundial em produtos de alta tecnologia.

A descaracterização poderia trazer-nos progresso, mas só com crescimento sustentado nas bases edificadas ao longo da história conseguiremos desenvolvimento.

Bem mais demonstrativo da diferença entre os dois países é justamente o derrotismo prepotente do jornalista, apenas mais um que se esquece da responsabilidade que acarreta o acesso a lugares de exposição pública.

Se calhar é tempo de obrigar os media a esclarecer em cada momento o que é notícia e o que não passa de opinião. Nos dias que correm, a informação tornou-se uma commodity, enquanto a credibilidade daqueles que a fornecem se afirma cada vez mais como um bem terrivelmente escasso.

[Nuno]

7.3.06

futebolês

Hoje ouvi, num café situado numa zona de serviços financeiros, um cidadão anónimo (para mim, claro está) comentar qualquer coisa como «equipa tal claudicou em termos físicos». Nem mais nem menos, futebolês puro no ambiente mais improvável.

Tendo em conta que já não é o primeiro episódio que testemunho nesta saga de contágio entre a gíria futebolística e a linguagem comum, imaginei um treinador de bancada profissional a tentar «fugir à marcação» do chefe no emprego:

- chefe, hoje vou para casa mais cedo, estou a claudicar em termos físicos...

[Nuno]

e voltou mesmo...

Paulo Portas quebra «silêncio» que mantém há um ano

Da notícia, sobre cujo conteúdo seguramente o próprio PP nada teve a opinar, destaco momentos épicos:

- «O ex-líder do CDS-PP, Paulo Portas, quebra o silêncio quase absoluto que mantém desde há um ano, com a estreia terça-feira de um programa quinzenal de opinião na SIC Notícias para «retirar à esquerda o monopólio da palavra».» Lá está, eu sempre desconfiei que Marcelo Rebelo de Sousa, Pacheco Pereira e Lobo Xavier actuavam encapotados...

- «Questionado sobre o «timing» deste seu regresso à vida pública (apesar de ser deputado têm sido raríssimas as intervenções de Paulo Portas), o antigo líder democrata-cristão relembra o que prometeu no congresso em que se despediu da presidência do CDS. «Nessa altura, disse que o país iria ter um novo ciclo político: um novo Governo em funções, uma nova maioria parlamentar e um novo Presidente empossado», afirmou, explicando que aguardou que esse ciclo estabilizasse para aceitar fazer um programa de opinião.» Exactamente, PP sempre fez questão de preservar a estabilidade política...

- «Portas recusa também ver «O Estado da Arte» como uma rampa de lançamento para um regresso mais activo à política. «A televisão não é uma réplica do Parlamento nem um eco partidário», defendeu, sublinhando que não irá «confundir os planos».» Pois, nem a televisão nem os jornais...

- «A terminar, um breve comentário sobre os Óscares, atribuídos esta madrugada, ou não fosse Paulo Portas um apaixonado do cinema.» Diria mesmo que é um apaixonado de todas as grandes produções...

Caro Manuel Monteiro, é assim que se faz. Este jogo não é para quem quer, é para quem pode.

[Nuno]

6.3.06

hands-on

Embora haja quem questione o papel de Sócrates nas sessões de apresentação dos diferentes projectos com maior ou menor importância estratégica, acredito que a sua presença é relevante e ajustada.

O cargo de Primeiro-Ministro é executivo e, embora saibamos (e assim desejemos) que ele não irá participar nos grupos de trabalho, o seu desempenho enquanto dínamo dos processos é essencial para o sucesso.
Para reserva de Estado já nos chega o Presidente da República, e para figuras ilustrativas temos o rei-em-potência.

Quanto à propaganda, escusado será voltar a referir a sua relevância, sobretudo no contexto de falta de confiança em que nos encontramos nos foros individual e social.

[Nuno]

in your face!

Não percebo, o vencedor do Oscar para o Melhor Filme foi Crash, uma pedrada no charco da abordagem cinematográfica às tensões raciais, sociais e culturais, e não o favorito Brokeback Mountain, um romance cuja única novidade reside no sexo de um dos amantes.

Comparando, temos:
  • Crash: «The lives of a diverse group of people living in Los Angeles connect and clash over the course of two days. As a series of events unfolds that will heighten already-existing racial and cultural tensions, individuals are brought face to face with complexities that their prejudices have prevented them from seeing.»
  • Brokeback Mountain: «Two young cowboys in the 1960s develop a strong bond that turns to love over the course of a summer in the Wyoming mountains. As they share herding duties in an isolated setting, Ennis and Jack find themselves drawn into a relationship--made impossible by the time and circumstances in which they live--that will color the rest of their lives.»

Só pode ter havido um erro...

[Nuno]

1.3.06

lógica libertária

Se os jornalistas têm liberdade incondicional de expressão, o Ministério Público tem liberdade incondicional de investigação.

[Nuno]

um dos reinados chega ao fim


[Nuno]

Chefe no feminino

Volto ao tema. Justifico a reincidência ao mesmo por, até à data, não haver mais contributos femininos neste espaço. É que, como noutros espaços, são os homens mais propensos à vontade de manifestar a sua opinião. Opinião essa que é defendida com ferocidade. E esta postura é natural, afinal não é o exibicionismo uma característica comum ao género masculino na natureza? Inversamente, as mulheres tendem a ter uma postura mais discreta, preferindo desempenhar o seu papel no campo da ajuda à resolução de conflitos e respeitando as diversas perspectivas em causa.

E talvez seja este um dos factores que tem impedido as mulheres de se afirmarem em lugares de liderança. Na execução de certas posições espera-se combatividade e mesmo inflexibilidade. Não são características que as mulheres não tenham mas, regra geral, não são impelidas para a sua ostensiva revelação ou defesa pelo que não se lhes é reconhecido o “pulso firme”.

Para aceitar com responsabilidade posições de decisão, as mulheres têm de conseguir assegurar a gestão da família e da casa, ou seja, delas são esperadas pelo menos três responsabilidades primárias: maternidade, casamento e carreira, enquanto que do homem se espera a concentração em apenas uma: a carreira.

Finalmente, apesar de poderem ter um elevado potencial, a dada altura muitas mulheres têm de optar por constituir família. Mais uma vez a natureza impele-as a responder “presente!”, e esta resposta tem impacto na carreira profissional.
Uma nota final para reconhecer que a vida familiar tem vindo a mudar havendo maior envolvimento dos pais. Os pais (também eles profissionais) ficam mais sensibilizados para o nível de exigência que é requerido a um casal com filho(s) em que ambos os progenitores trabalham.

Patrícia

22.2.06

Socrates vs Scolari



Diferentes por fora, mas tão parecidos por dentro...
[Nuno]

meritocracia

De um artigo no Expresso sobre a gestão estratégica pelo reconhecimento do mérito, de Cátia Mateus e Marisa Antunes, retiro o seguinte:

«[...]
Já para Maria Márcia Trigo, docente e directora da Business School da UAL, em Portugal há dois tipos de empresas: as que jogam o jogo competitivo global (a minoria) e as demais empresas. Nas primeiras, refere, «o mérito é reconhecido ainda que, mesmo nessas, a selecção inicial seja frequentemente realizada através de relações e referências pessoais, familiares e profissionais de proximidade». Nas restantes, o mérito é pouco valorizado e, para Márcia Trigo, «esta realidade faz com que em Portugal a ‘network' pessoal e profissional assuma níveis muito elevados e que mesmo em processos de recrutamento muito profissionalizados a ‘cunha' seja determinante».

Todavia, Márcia Trigo não nega que há um reverso da medalha no que toca à meritocracia. «Os talentos são mais incómodos para as organizações porque questionam e se questionam, são muito exigentes com as chefias, com as condições de trabalho, precisam de maior espaço de decisão, convivem mal com injustiças, não suportam burocracias e exercem grande pressão sobre os colegas, as chefias e a administração». Para Márcia Trigo «este mercado global do talento que está em expansão, assusta empresários, executivos, quadros e até os próprios talentosos».
[...]»

O artigo diverge depois para o tema da subqualificação, mas poderia ter aprofundado o tema do desperdício do talento, afinal grave num país que se diz de talento tão necessitado.

Quando se fala da 'sicilização' portuguesa, esta é uma face visível: a lealdade submissa é muito mais valorizada do que qualquer capacidade.

[Nuno]

21.2.06

MNE

Dia D

Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece
Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.

(Refrão - Repete uma vez)

Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.
[Nuno]

20.2.06

Redução do sono

os novos veículos de competição

na saúde e na doença

Por diversas vezes já me foi dado a verificar casos de casais de idosos em que um adoece com gravidade e pouco depois o outro, até aí em plenas condições de saúde, definha e acaba também por adoecer.

In Sickness and in Death: Spouses' ills imperil partners' survival, um artigo da Science News que confirma aquilo que regularmente se observa.

[Nuno]

The origin of life

Olé!

Recentemente tornou-se acessível ao comum dos portugueses a possibilidade de isolar e criopreservar células estaminais do sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos. Podendo as células estaminais embrionárias dar origem a todos os tipos celulares do indivíduo adulto, a sua recolha tem vindo a ser utilizada como um “seguro de saúde” familiar.

Aliar a tecnologia à saúde sempre foi um assunto polémico e a actual legislação de nuestros hermanos proíbe a criação de bancos privados para preservar as células estaminais do sangue do cordão umbilical. Ora, esta proibição é uma oportunidade de negócio para as empresas portuguesas que operam no sector. Não são muitas mas tanto quanto sei tem havido anualmente milhares de recolhas de células do sangue do cordão umbilical de bebés espanhóis.

Ora aqui está um exemplo da nossa modernidade face a Espanha. Devem ser poucos mas que os há, há.

Patrícia

17.2.06

verborreia

Ou se trata de uma estratégia de criação factos políticos para entreter a oposição e os media ou de verborreia por parte de alguns ministros.
Inclinar-me-ia para a segunda hipótese (embora a primeira me agrade sobremaneira pelo ambiente de conspiração que deixa no ar), tendo em conta que são sempre os mesmos.

Desta vez foi Correia de Campos que, ao partilhar a sua preocupação com a solvabilidade do Sistema Nacional de Saúde, se esqueceu que usar os media para divulgar angústias pessoais ou recados internos tem um efeito de propagação com resultados imprevisíveis.
Deixar o país em polvorosa pode ter o efeito benéfico de alertar para o problema, que é real, mas acaba por ser contraproducente, ao pôr em risco a sustentabilidade do projecto e do ministro que o conduz.

[Nuno]

paradoxo

A idade, segundo sempre me foi dado crer, traz sabedoria e tolerância. A ideia é que, à medida que a experiência se acumula, somos mais capazes de compreender os diversos pontos de vista e aceitar as posições de terceiros, ainda que em perfeita simetria em relação às nossas.

A percepção que tenho do fenómeno da idade é contudo algo diferente: conforme ganho anos de vida somo certezas e intolerância, guiado por uma qualquer equivalência subconsciente entre maioridade e assertividade.

Quando mais novo, aceitava a dissonância sem sequer a entender, por uma questão de princípio sobre o qual nem me ocorria reflectir. A presente sinto uma crescente aproximação às motivações alheias e, em paralelo, uma rejeição maturada das mesmas.

Posto assim, poderia suspeitar que a anterior aceitação se dava por puro desconhecimento do que o estranho representava. Ao invés, em consciência digo que acontecia por incompreensão do próprio.

[Nuno]

terrorismo

O Departamento de Ciência Política da Universidade de Gent publicou um estudo estatístico sobre a evolução quantitativa e geográfica do terrorismo a nível mundial.
The Evolution of Terrorism in 2005, A statistical assessment, para analisar com a reserva necessária na abordagem a qualquer estudo estatístico.

Entre as principais conclusões, de referir «an overall decline of international terrorism, both in number of victims and attacks», «it turns out that international terrorism has evolved from a more or less dispersed international threat to a largely regional threat, since it strikes primarily in the Middle East» e «Muslims are the principal victims of terrorism perpetrated in the name of Islam».

Gostaria de dar principal ênfase à seguinte conclusão: «The Iraq war, being presented as part of the war on terror, has contributed to turning Iraq into today's epicentre of terrorism.»
(Como diziam os Faith No More, «well, it's a dirty job but someone's gotta do it»)

Volto a chamar a atenção para o cuidado na abordagem, sobretudo na presença de conclusões tão sonantes. O anexo 3 contém comentários importantes relativamente à metodologia e à qualidade dos dados utilizados.

[Nuno]

ligações à net

http://rateyourmusic.com
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[Nuno]

Um pouco de seriedade faz falta

Proprietários consideram que subida do imposto para casas desocupadas é "demagógica e injusta"


"Só demonstra a ganância do Estado e das autarquias na cobrança dos impostos". Isto foi o que disse Manuel Metello, justificando ainda que as casas devolutas têm poucos gastos em gás e electricidade e por isso não mereciam o aumento dos impostos.

Agora pergunto-me, será que este ilustre senhor, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, nunca ouviu falar de especulação imobiliária? Será que este senhor se preocupa minimamente com um património que é de todos, nomeadamente: a cidade de Lisboa? Será que este senhor terá algum tipo de consciência social, ou qualquer outro tipo de consciência que não se confunda com autismo? Ao menos sabemos que há pelo menos um grupo de pessoas, bem necessitadas, que têm os seus interesses bem defendidos.

Este tipo de atidudes do governo, fazem-me lembrar um castigo dado pelos pais a uma criança de três anos que não deixa mais ninguém brincar com os seus brinquedos. O problema é que, noutros casos parecidos, não há ninguém para castigar o governo, pelo menos durante quatro anos.

-Tiago-

Paulo Portas: compra de C-295 para Força Aérea é "bom exemplo de continuidade"

oh, there your are, Peter...
[Nuno]

A era do tecno-chique

Há dias li nas notícias que a China pretende aumentar consideravelmente o seu investimento na área da tecnologia de modo a alcançar o top 5 dos líderes mundiais. Achei curioso, porque fazendo o contraponto para Portugal, onde tanto se fala do choque tecnológico, o que se constata é a apetência dos portugueses pelos telemóveis (logo tecnologia é sinónimo de telemóvel).

Não há quem não o(s) tenha e não há quem não lhe procure as funções tecnologicamente mais avançadas: câmara fotográfica ou de filmar digital integrada com zoom, MMS, conectividade bluetooth e infravermelhos e não sei mais quantas características que não lembram ao diabo! Sei disso porque o meu telemóvel esgotou o prazo de validade estipulado e ando a adiar a dor de cabeça de escolher um novo.

Ora, se é verdade que nos dias que correm não se prescinde desta tecnologia emergente (há 20 anos ninguém tinha telemóveis), é também verdade que a ela começou a estar aliada a moda. Já se via estilistas de renome ou marcas associadas a gamas de telemóveis.

Esta manhã, deparei-me com a notícia que revela que os nossos concorrentes na corrida tecnológica (leia-se, chineses) decidiram aplicar a aliança entre tecnológico e design ao topo da computação. Agora vamos assistir aos PCs forrados a cabedal beje, um monitor LCD com base em madeira de cerejeira para se integrar na mesa do escritório, um computador em que a base se confunde com o alvor da mesa de trabalho.

E é isto que nós não temos. A capacidade de entender que os segredos tecnológicos se descobrem num instante, de antever o que vai estar a dar nos próximos tempos. Nos próximos tempos assistiremos ao fenómeno do tecno-chique. É que só choque tecnológico não chega Sr. Ministro, é preciso que se consiga acrescentar valor.

Por isso nós não somos um mercado emergente. Não por sermos estúpidos mas por sermos, na generalidade, mais fracos, menos dinâmicos, mais acomodados.

[Patrícia]